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A Consciência e a Ética: O quem vem primeiro?


Pedro e João são amigos há mais de 10 anos. Foi Pedro quem apresentou João para empresa onde trabalham. Em uma sexta-feira Pedro e João trabalharam até mais tarde num projeto que estavam envolvidos. Já não havia mais ninguém na empresa quando Pedro resolveu ir embora, pois ia buscar a namorada na escola. Despediu-se de João e foi para o estacionamento buscar seu carro. Ao chegar no estacionamento, percebeu que tinha deixado um livro na sua gaveta, que havia comprado para sua namorada. Voltou para empresa e, quando chegou na sala, viu uma cena que o deixou muito triste. Seu amigo João estava colocando um grampeador na mochila na hora que ele abriu a porta. Foi um desconforto total, pois é sabido que ninguém pode sair da empresa com material de escritório dela. Aquilo só poderia ser roubo, pensou Pedro.
No mesmo momento João ficou vermelho e desconcertado. Começou a gaguejar tentando explicar. Começou a dizer que ele sabe que a empresa tem caixa dois e que um grampeador não iria fazer falta para empresa. Ele teria um uso melhor para o material, pois estava precisando de um grampeador em casa para o trabalho do pai. Pedro olhou profundamente para João e disse: "Vou pegar o que vim pegar e sair da sala como se não tivesse visto nada. Espero, sinceramente, que sua consciência saiba o que fazer."
Pedro virou as costas e saiu da sala sem querer continuar a conversa com João. Nesse momento, sabia que todo o relacionamento de muito tempo tinha seriamente se abalado.

Questões:

  • Pedro deve denunciar João?

  • Se não denunciar, como ele deve lidar com sua consciência?

  • Se denunciar, como será visto pelo João e demais colegas?

  • O fato de a empresa ter caixa dois é motivo para o João agir como agiu?

  • O que você faria se fosse o Pedro?

  • O que você faria se fosse o João?

Comentários:

No auge da Lava Jato, Marcelo Odebrecht disse que, quando as suas filhas brigavam, ele perguntava quem tinha provocado, não necessariamente para punir quem levou ao desentendimento. "Eu talvez brigasse mais com quem dedurou do que com quem fez o fato", disse ele, em depoimento à CPI da Petrobrás.


Os “valores familiares” (que nada tem a ver com ética) nos ensinaram que “dedurar” alguém é algo pernicioso e nefasto. Aprendemos que devemos “cobrir” e não expor o erro dos outros para ficarmos bem com a “turma”.


Essa é a gênese do “jeitinho brasileiro” que nos trouxe até aqui. Hoje somos párias no mundo globalizado, graças a esse “jeitinho brasileiro”. Estamos em 96º lugar de 180 países na Índice de Percepção de Corrupção realizado pela Transparência Internacional. Em todos os índices mundiais que levam em conta a ética e moral estamos atrás em todos.

Falar o que viu sobre um fato de forma ética, parece que é proibido quando envolve um familiar, parente, amigo etc. No jargão do “Jeitinho brasileiro” isso chama-se “dedurar” o que é proibido para quem têm valores familiares, valores religiosos e valores cívicos.


A pergunto que não quer calar é: Por que devemos ficar quietos quando presenciamos fatos antiéticos e imorais? Quais os argumentos racionais para isso?

Você verá que a resposta não tem nada a ver com ética e moral. Tem relação apenas com nosso umbigo e com a forma egóica de ver o mundo e o outro. Sem mudar esse paradigma, não evoluiremos como seres humanos civilizados.

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