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Sou Ético?


Infelizmente não! Nem eu, nem você, nem o Papa, nem o Pastor, nem o Presidente nem ninguém. O máximo que conseguimos é, depois de muito estudo de ética e moral, assumir uma Postura Ética e Moral perante a vida.


A ética é um ponto no horizonte a ser seguido. Porém, o que importa, é como você caminha até ele. Se você vai examinando suas ações, do ponto de vista da ética, a trajetória até o ponto no horizonte fica mais visível. Se você não examinar, esperando chegar no destino para fazer alguma coisa, o ponto continuará sempre no horizonte, não importa o quanto você caminhará você nunca se aproximará.


O que eu chamo de Postura Ética para vida: “Um exame permanente das consequências das minhas ações e condutas com outro, em relação a fazer ou deixar de fazer o bem e o mal”

Isso é o que nos cabe fazer na vida, se quisermos caminhar perto da ética e moral. Não evoluímos o suficiente para dizer: Sou Ético. Temos que ter humildade e reconhecer que a ética é algo sublime e, alcançá-la exige muito conhecimento e esforço. Tanto é assim que, durante o medievo, o conceito de ética: bem comum com viés universal, foi cooptado pela Igreja católica e definido como Deus. Mas isso é outra história.


Com a saída da disciplina Filosofia do currículo escolar no golpe de 1964, estamos há quase 60 anos sem estudar ética e moral, campos da Filosofia. O governo sabia que, se estudássemos filosofia, seriamos menos alienados. Ele estava certo e conseguiu o seu intento.


Pior que isso, os campos da filosofia de ética e moral nunca mais foram abordados e com isso desenvolvemos o nosso “jeitinho brasileiro de ser” tão pernicioso e nefasto que ultimamente ladrão está chamando polícia de mais ladrão ainda. (Caso do roubo de drogas por policiais no Rio)


Se o exercício da ética necessita da evolução da consciência pelo aumento de repertório intelectual, como vamos sair dessa depois de 60 anos sem estudar e praticar ética?

Uma geração toda perdida só se recupera com um esforço imenso que não aparece no horizonte e quem é responsável por isso? Tanto nas escolas públicas como nas escolas privadas.

Essas últimas, que deveriam romper com a inércia do ensino de ética e moral, não o fazem por pura falta de competência e vontade. Não valorizam o profissional da área, o filósofo e, quando fazem algo, colocam uma carga horária insuficiente. Só para vocês entenderem, a carga horária ideal para ensinar, somente ética e moral, durante o ensino fundamental I e II e médio, ou seja, 12 anos de estudos, aproximadamente, é de 1.245 horas/aulas. Você sabe quantas horas/aula são ministradas? Pergunte na escola dos seus filhos. Se você falar esse número, vão falar: “nossa que exagero”.


No ensino universitário é pior. A carga horária dedicada ao ensino de ética e moral não chega a 2% de qualquer curso de graduação de qualquer área do saber.

Geralmente as universidades são “rotuladas” pelo tipo de egresso que “soltam no mercado”. Por exemplo: em universidades de administração, você tem as que os egressos saem mais focados em projetos, em outras, em finanças, em economia e assim vai. Chamamos isso da “pegada”. Determinada universidade solta egressos com uma pegada mais financeira, outra mais econômica e assim por diante.


Não existe nenhuma universidade no Brasil que a “pegada do egresso” seja “ética e moral” ou seja, os egressos saem com a pegada da competência ética e moral que, paradoxalmente, o mercado valoriza isso, mas as universidades não o fazem.


Quando vejo empresas brasileiras colocara a “Ética” no seus valores, não consigo entender o que eles querem dizer. Muito menos quando vejo uma série de pessoas com cargos importantíssimos colocarem na descrição do cargo como gestor de “Ética”, fico mais perplexo ainda.


Essa turma aprendeu ética e moral onde? Que cursos fizeram? O que estudaram? Quais foram os itinerários formativos que lhes capacitaram o repertório ético e moral?

Só falta ironizar: Onde vivem? O que comem? O que fazem? Como se reproduzem? Hoje à noite no Globo Repórter.


Para os meus amigos Eticistas e Moralistas de plantão, penso que temos que avançar na divulgação mais contundente do ensino da ética e moral nas escolas e universidades brasileiras, cobrando posicionamento dos dirigentes e reitores. Temos que buscar mais espaços para criação de grupos de debates em empresas e demais organismos, cobrando as associações de classe que as mesmas pertencem. Temos que sensibilizar a sociedade que a Postura Ética é garantia de melhoria de vida coletiva no futuro, criando palestras gratuitas em comunidades. Além disso, temos que combater os falsos eticistas de discurso oportunista e inconsequente. Esses indivíduos, que se auto denominaram eticista após lerem algumas coisas no Google, passam longe dos conceitos tradicionais de ética contribuindo para gerar mais confusão conceitual. São os sofistas da atualidade, predadores do conhecimento. Um bando de hipócritas. Nada mais. Temos que questionar suas narrativas a todo momento que divulgarem discursos que estão longe do senso crítico. Cobrar um posicionamento mais erudito e profícuo. Não deixar que eles promovam fake News sobre Ética e Moral.

O verdadeiro eticista sabe que não é fácil o estudo contumaz da ética e moral. Que é necessário muito esforço e dedicação. Que também é necessário, acima de tudo, responsabilidade de respeitar as tradições e evoluir com princípios.
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